paulo roberto
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que o PT recebeu pelo menos R$ 182 milhões em propinas pagas por empreiteiras responsáveis por três contratos da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, em Pernambuco. A afirmação consta da delação premiada feita por Costa em setembro de 2014 e tornada pública na última quinta-feira (12). Entre as empreiteiras supostamente envolvidas no esquema estão a Queiroz Galvão S.A, Camargo Correa S.A, Odebrecht e OAS. Em nota, o PT nega ter recebido o dinheiro.
No depoimento dado por Paulo Roberto Costa, ele cita três dos principais contratos para a construção de Abreu e Lima. Segundo ele, os três maiores contratos foram firmados com os consórcios Ipojuca Interligações (Queiroz Galvão S.A e IESA Óleo e Gás S.A), CNCC (Camargo Corrêa S.A e CNEC Engenharia S.A) e Conest (Odebrecht e OAS).
Segundo Costa, esses contratos totalizavam R$ 9,1 bilhões. O ex-diretor explicou que o acordo com as empreiteiras previa que os preços dos contratos da estatal com as empresas teria um sobrepreço total de 3% dos quais, dois terços (2%) seriam destinados ao PT, totalizando R$ 182 milhões. O restante (1%) seria destinado ao PP (Partido Progressista). 
A refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, teve suas obras lançadas em US$ 2,5 bilhões e deveria ter ficado pronta em 2011. Após quase quatro anos de atraso, refinaria só começou a entrar em operação em 2014 a um custo estimado de US$ 18,5 bilhões.
"Como em todos os outros contratos firmados pelas empresas acima mencionadas, houve o pagamento de 3% do valor total do contrato a título de propina, que seria dividido da forma já esclarecida, ou seja, 2% para o PT e 1% para o Partido Progressista", disse Costa em seu depoimento referindo-se aos contratos da estatal com os três consórcios.
Costa diz que as informações repassadas por ele se referiam apenas aos contratos sob responsabilidade da diretoria de Abastecimento, da qual ele foi diretor entre 2005 e 2012, mas afirmou que "este padrão se repete em outros contratos e sobretudo na área de exploração e produção, que detém de 60% a 70% do orçamento de investimentos da Petrobras.
Em sua delação, Paulo Roberto dá sugestões sobre como a Polícia Federal poderia obter mais informações sobre o pagamento de propinas feito por empreiteiras e dá a entender que o pagamento de propinas tenha ocorrido até 2014.
"Seria conveniente solicitar à Petrobras uma lista com todos os contratos que as empresas que participam do cartel realizaram com a Petrobras no período de 2003 a 2014 (…) com estas informações seria possível ter uma visão geral e completa do cartel e do pagamento de vantagens ilícitas", disse Paulo Roberto Costa.
Na semana passada, os depoimentos prestado pelo ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, foram divulgados e neles Barusco afirmou que o PT teria recebido em torno de US$ 200 milhões em propinas referentes a diversos contratos da estatal com empreiteiras. 
Em nota, o PT negou as declarações de Paulo Roberto Costa e disse que "todas as doações que o Partido dos Trabalhadores recebe são feitas na forma da lei e declaradas à Justiça".
A Odebrecht, por sua vez, negou " as alegações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobras (Paulo Roberto Costa) e por doleiro igualmente réu confesso em investigações em curso na Justiça Federal do Paraná".
A Odebrecht disse ainda , por meio de nota, que "nega em especial ter feito qualquer pagamento ou depósito  em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal", afirmou.
A OAS, por sua vez, respondeu afirmando que a empresa "refuta veementemente tais alegações".
A empreiteira Queiroz Galvão também enviou nota sobre as alegações de Paulo Roberto Costa. Nela, a empresa "reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação vigente".
A nota prossegue dizendo que "a companhia já se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos que forem necessários" e que a Queiroz Galvão não irá comentar as investigações ainda em curso. 
As demais empresas citadas nesta reportagem ainda não responderam aos questionamentos feitos pelo UOL.

Uol