Os produtores de cana nordestinos receberam bem o anuncio do governo federal sobre a elevação das alíquotas PIS/Cofins e a reintrodução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina.
O presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba – Asplan, Murilo Paraíso, disse que a notícia é boa porque estimulará o consumo de etanol que, por sua vez, contribuirá para a valorização do preço da cana-de-açúcar no mercado, mas ressalvou que é preciso que o governo tenha medidas mais direcionadas para tirar o setor da crise, a exemplo de um Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER) para a cana-de-açúcar.
“A medida é boa. Com a taxação sobre a gasolina, as usinas tendem a produzir mais etanol, mas precisamos mesmo é de um PROER para a cana-de-açúcar”, comentou o dirigente, acreditando no impulso comandado pelo etanol, mas defendendo um programa com propósitos específicos para cana, até porque a medida atual em nada tem a ver com a crise do setor, mas com os problemas financeiros do próprio Poder Executivo.
Com as novas medidas anunciadas pelo Governo na segunda-feira (19), a Cide voltará efetivamente em três meses (90 dias), com incidência de R$ 0,22 por litro de gasolina. Em fevereiro, retornará em R$ 0,10 por litro, enquanto as alíquotas PIS/Cofins, em R$ 0,12 por litro. Para o presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), Alexandre Lima, a volta da Cide na gasolina surge como uma espécie de “gatilho” para a valorização do preço da cana-de-açúcar, mas ele também defende medidas mais eficazes e critica o momento em que foi anunciada a volta da Cide.
“A composição do preço da cana-de-açúcar depende dos preços do açúcar e etanol. Com a volta da competitividade do etanol em relação à gasolina, em decorrência da incidência da Cide, mais cana será destinada à produção de etanol e menos para a fabricação de açúcar, diminuindo a respectiva produção do alimento, elevando seus preços no mercado exterior consequentemente, os quais estão abaixo do custo de produção” explica Alexandre Andrade Lima, no portal da entidade.
Ele argumentou, entretanto, que há quase dois anos todo o setor sucroenergético vem pleiteando ao governo federal a volta da Cide na gasolina, sem sucesso e que quando institui a medida, o faz no final da safra do Nordeste e início da safra do centro-sul. “Toda vez que o governo cria regras, elas são implementadas sempre no fim da safra da cana nordestina, e, próximo ao começo da safra do Centro-Sul do Brasil, a exemplo de quando houve a autorização para aumentar a mistura do álcool anidro na composição da gasolina”, critica.
Fonte: CNA
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